Não Coloque o Autista de Volta no Armário

Não Coloque o Autista de Volta no Armário

*Aviso: Atualizei esse artigo e mudei a data. Sou eu de um passado meio recente, comentado pela eu das atualidades. Mais ou menos isso...

Você falaria para um homossexual que assumiu sua sexualidade, que ele está enganado sobre a própria orientação sexual? Seria bem estranho fazer isso, e até preconceituoso. Pois é... A certeza que uma pessoa tem sobre possuir um cérebro autista, é tão grande quanto a certeza de uma orientação sexual.

As reações das pessoas quando um autista conta sobre seu diagnóstico são bem "engraçadas". Bom, eu prefiro rir do que chorar.


Tudo bem cometer gafes. Tenho diploma nisso, esse eu peguei.  Ninguém nasce sabendo. Eu mesma já fui capacitista sem querer. Em uma época não me conhecia e não entendia desses assuntos. Mas a informação precisa ser dita por alguém, para que tudo fique mais claro e leve. ✌️

Não entendo porque as pessoas acham que autismo é motivo de luto, medo ou vergonha. Calma, não entendo olhando pelo meu ponto de vista. Porque, o que senti foi uma libertação profunda, de uma angústia que parecia não ter fim. Claro, sei que existem casos diferentes e respeito, pois cada um tem seu tempo de aceitação. Também não entendo, porque acham que uma pessoa vivendo em um corpo autista, não saberia o que sente, o que passou e como é. Essa eu não entendo mesmo, não tem jeito, ou talvez tenha.

Se as pessoas soubessem o quanto é libertador para um autista descobrir que ele é neurodivergente, não invalidariam a nossa experiência. Se eu sou muito estranha para ser normal, e muito normal para ser autista. Em que parte desse mundo, a minha história de vida pode existir e ser respeitada?

Só os motivos pelos autistas ficarem felizes com o diagnóstico, já dariam para fazer um artigo bem grande. Então, é melhor deixar pro próximo post.

*Vou nada, a Camilla do futuro veio atualizar esse artigo deprimente! 😎

Descobri que sou autista faz uns 3 anos. Hoje, dia 2 de Abril de 2024, eu saí do armário. Tô falando do autismo, não se façam de desintendidos.

Fiquei com preguiça de escrever outro artigo (porque sou dessas) e resolvi vir aqui editar esse post pra contar a novidade. Que não é tão nova, porque eu já tô velha. Queria ter tido a oportunidade de assumir meu TEA um pouco antes. Tipo, com um ano de idade. Mas paciência é uma virtude, então vida que segue. Já sou imensamente grata por minha mãe ter entendido e aceitado. Pois é, tem mãe que não aceita a filha adulta dizer que descobriu que é autista.

Eu postei um vídeo de uma menininha dançando engraçado e escrevi "Hoje é meu dia, aceitem". Eu até pensei que ia ser mais legal me assumir como autista, mas a sensação foi meio estranha. É tipo, agora a família vai entender que eu não sou antipática, ninguém vai mais levar pro lado pessoal. Vão saber que não gosto de seres humanos e pronto. Brincadeira (metade). Só que agora eu tô adulta e não faz muita diferença. Já me senti num universo paralelo quase a vida toda.

Mas como é bom poder assumir, que eu não gosto de visitas mesmo! Tenho medo de telefone mesmo! E daí!? Não acredita, problema seu. E não tenho assunto quando não é o meu assunto. Quer falar comigo, vem conversar sobre assuntos dos universos paralelos. Falar que a pessoa fala pouco não é nada criativo, isso eu também sei fazer, dã! Quem quiser vai gostar de mim, e quem não quiser não quererá, vai perder. 😜

Pelo menos agora também entendo, porque ou me amavam, ou me odiavam. Fico mais em paz, pois fiz o que podia pra agradar. Mas eu não sei mentir direito, sinto muito. Eu só sou Autista... Não estou com segundas intenções quando me perguntam algo e falo uma verdade desagradável, que eu não sabia que era desagradável, e eu acabo sendo desagradável.

Como é bom também poder me vestir confortável (quanto ável), sem me preocupar mais em ficar bonita pra ser aceita. Coisa boa não usar mais brincos e penduricalhos, que coisavam meus TPS  tudo e me tiravam a concentração. Agora também não me sinto mais mal, por meu corpo criar febre, pra me fazer faltar nos aniversários e compromissos. Deixa eu comemorar, deixa eu respirar! Gratidão Centelha Divina, por se estrebuchar pra tentar contar do meu autismo. Demorou, mas eu entendi porque me sentia de outro planeta. Gratidão!

*Perdão pelos erros de português. Que perdão que nada também! Tá bom assim! Quem quiser ler lererá!

*Agora segue a Camilla do passado não muito distante, que estava se conhecendo e desabafando sobre as descobertas do universo autístico. (Acho que estava meio TPM essa Camilla. Até explicou que não estava, mas não colou muito bem, nem pra mim que sou eu. Não levem pro lado pessoal.)

Voltando as declarações capacitistas, uma das bobagens mais tristes que já li e ouvi, é que autista não tem empatia. Me pergunto se a pessoa que inventou isso sabe o que é empatia. Provavelmente não deve saber, pois pelo jeito não sente. 🙊

Ei, autistas podem ser até mais inteligentes que neurotípicos. Não precisamos que falem por nós, não sem saber como somos. Pois a gente tem voz, olhos e ouvidos. A gente também sabe ler, e vê as bobagens que falam sobre nós por aí.

Desculpem se pareci meio revoltada. Eu estou calma e escrevo em tom descontraído. A verdade, é que até fiquei feliz e aliviada por escrever sobre isso. Deixar a máscara social (masking) e me expressar livremente é uma terapia. 💃

Por favor, deixem os autistas serem felizes do jeitinho deles. Combinado?


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