Essa história de diagnóstico tardio é uma montanha-russa.
Primeiro, a gente sofre porque não consegue ser como os outros. Sobrevive, sem entender bulhufas do que está acontecendo...
Aí finalmente a gente descobre o diagnóstico e o porquê de tantos porquês.
Dá uma mistura de alívio com alegria, pois a culpa tira folga. Depois, vem uma dó da nossa criança sem diagnóstico, uma vontade de brigar por ela. Vontade impossível, pois já era.
Também tem a fase de ter dó da gente. E a fase de esquecer da dó e querer mostrar que pode tudo... Loucamente!
Aí vem a fase em que a gente se dá conta de que, na verdade, só estava fugindo da aceitação. Isso de se afogar na dó, isso de se afogar na força... Tudo pra fugir de assumir que somos o que somos: super diferentes!
Não somos melhores nem piores. Somos divergentes e continuaremos sendo divergentes.
"Ah, mas todo mundo é diferente..." Mas Neurodivergente é do avesso! Um diferente mais confuso que outras diferenças. Porque não se vê, se experimenta.
Aceitem! Não tem cura para o que não é doença. Tem aceitação, união, adaptação... Tem uma experiência de Ser quem Se é.
Mesmo que tarde, a gente se aceita e se ama assim. Ama sabendo que tem dias que esse amor vai querer fugir. E tá tudo bem, amamos isso também.
A profundidade do nosso ser tem consequências. Essas consequências eu aceito. Se para existir nesse mundo e ser EU, precisa ser assim... Eu aceito! Nem sempre com gratidão, porque estou humana e tenho coração.
Ser autista é lindo, mas também dói.
Aceitar a dor parece triste, mas faz parte da beleza de ser EU.
Nenhuma beleza é mais linda que a outra. Entendeu?